Apesar de o dado oficial ainda marcar 13,84% de quebra da produção na safra 21/22, o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul (Aprosoja/MS), André Dobashi, estima que esse número pode chegar até 30% com a revisão dos dados no comparativo com a última safra.
No boletim agrícola divulgado ontem, a Aprosoja/MS ainda estima colher 11,464 milhões de toneladas do grão. No entanto, o número projetado para o fim do mês, quando será divulgada a marca oficial, é de que MS colha 9,3 milhões de toneladas. Isso é 30% a menos do que os 13,305 milhões de toneladas colhidas em 20/21.
Dobashi explica que houve características na plantação da safra 21/22 que podem tornar irreal os 13,84%.
“A região sul fez uma semeadura acelerada, no meio do vazio sanitário, então muitos produtores estavam plantando muito cedo, por volta de 16 de setembro, assim como fazem na região norte, o que não é normal”, afirmou.
Dobashi prossegue dizendo que essa antecipação poderia ser um bom indicativo, mas, já em outubro, a primeira estiagem atingiu a região e vários agricultores tiveram de ressemear o solo entre outubro e novembro.
Segundo ele, isso tudo não seria um problema, caso as coisas tivessem melhorado nos meses seguintes.
“Fizemos uma das semeaduras mais rápidas dos últimos cinco anos, permitindo que o produtor colocasse ela em uma janela bem complicada. Então, chegamos em janeiro e dezembro, meses que deveríamos nos recuperar, e as chuvas não vieram”, disse Dobashi.
Conforme o presidente da Aprosoja, apesar de bonita no pasto, essa planta de semeadura tardia não teve condições de encher a vagem com os grãos, por causa desses dois meses muito secos.“Quando você tem um cenário como esse, às vezes não compensa passar máquina porque você nem forma o grão. No fim do período reprodutivo, se a planta não recebe água, o grão perde peso, antes disso, o grão nem se forma”, justifica.
Com isso, municípios da região sul apresentaram quebra na produtividade média entre 50% e 70% de acordo com a associação.
Engenheiro Agrônomo, consultor e produtor de soja, Rogério Zart estima uma quebra ainda mais considerável no Estado.“Eu acredito no mínimo em 40%. Da Capital para baixo, no sul, na divisa com Paraná e a na região de Ponta Porã também a quebra foi bastante expressiva. Em Rio Brilhante, na região central, algumas propriedades colheram no máximo 40 sacos”, revela.
O boletim da Casa Rural da Aprosoja/MS relata que, com a colheita finalizada, a produtividade ainda está na casa das 50, 60 sacas por hectare. Houve um aumento de 7% na área plantada, saindo de 3,529 milhões para 3,776 milhões de hectares.
Os novos dados serão divulgados dia 26 de abril, depois de serem revisados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). (Com informações Jornal Correio do Estado).