Quando o assunto é trabalho, qual é a primeira coisa que vem a mente? Remuneração? Carreira profissional, talvez? Sim, esses pontos são muito importantes para a vida de qualquer pessoa. Mas há um aspecto ignorado pelas narrativas hegemônicas sobre o mundo do trabalho: a coletividade.
Muitas pessoas não observam o papel social que cada trabalhador cumpre. Toda atividade é responsável pela construção e pela manutenção dos laços que nos unem como sociedade. E, no atendimento as pessoas o vínculo entre o trabalho e o desenvolvimento social é evidente. Assim é o trabalho de Maria Helena Corumbá, a mais antiga funcionária em atividade da Sanesul. Ela foi admitida na empresa de saneamento (SANEMAT) em 16 de novembro de 1972. Iniciando como assistente de serviços gerais e, ao longo dos anos, passou por diversos setores da empresa. Em 2022 serão meio século de serviços prestados, com vínculos peremptórios atuais na Sanesul.
Orgulhosa de suas raízes, Maria Helena, viu o primeiro raiar do sol dentro de uma aldeia indígena, e o mais curioso foi justamente no dia do Índio, 19 de abril de 1953, na aldeia Limão Verde. Em Aquidauana. Os avós trabalhavam na aldeia e assim, foi sendo criada com cheiro de camalote e gosto de tarumã. Ela mesma afirma que ama o que faz, principalmente atender as pessoas: “É preciso saber o caso de cada um, saber o que a pessoa está sentindo quando busca atendimento no escritório. Cada um que chega vem com uma necessidade e muitas vezes com outros problemas”.
Atualmente, ela cuida dos processos internos como a abertura e fechamento de diárias dos funcionários, realiza atendimento interno e telefônico. A comunicação é um dos principais instrumentos para a construção de laços saudáveis e duradouros. Mesmo que um negócio seja hierarquizado em um nível vertical, é importante que a comunicação entre os operadores, supervisores e administradores seja horizontal e Maria Corumbá, gravita com personalidade em todos os meandros da empresa.
Isto posto, um articulista não pode se furtar do registro de momentos e pessoas que marcaram a história, de alguma forma. Essa motivação colaborativa acabou tornando-se a marca e a inspiração de Maria Helena que, nesses 50 anos, aprendeu com o exercício diário do respeito às diferenças, da construção dos saberes e da valorização das diversidades e das multiculturalidades que nos constituem. E “Mariazinha” aprendeu com suor, que nem sempre encontraremos tudo a contento, assim é a vida. Mas como muito bem nos ensinou Guimarães Rosa: “O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem” E que o exemplo de Maria Helena Corumbá, que comemora “Jubileu de Ouro em 2022”, nos aponte o futuro. E que nesse futuro, não nos falte a paixão pelo que fazemos e a coragem para fazê-lo em meio a tantos desafios e obstáculos que vão surgindo no caminho.
AUTOR: Rosildo Barcellos - Articulista