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Temendo prejuízos Aprosoja pede para Anvisa liberar agrotóxico


Produto serve para combater plantas daninhas e dessecar o solo para colheita
Temendo prejuízos na safra, Aprosoja pede para Anvisa liberar agrotóxico. (Foto - Arquivo Correio do Estado)

A Associação Brasileira de Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) divulgou, nesta terça-feira (18), um nota oficial no qual alerta para os prejuízos que podem ser causados à safra deste ano caso a importação direta do herbicida Diquat não seja liberada e a suspensão do uso do agrotóxico Paraquat não seja revista pelo órgão regulador.

De acordo com a Associação, o fornecimento de agrotóxicos para os produtores do Brasil começou a ter problemas quando o pesticida ``Paraquat” teve seu uso banido no país pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em setembro de 2020.

Conforme informações da Anvisa, o agrotóxico foi proibido no em 2017, contudo, até o dia 22 de setembro de 2020 o uso estava liberado. De acordo com a Anvisa, o prazo de três anos foi estabelecido para eliminar o estoque do agrotóxico no país.

Nesse período, a venda e compra deveria vir acompanhada de um termo de responsabilização do produtor rural e a aplicação deveria ser feita por meio de trator com cabine fechada.

O defensivo era liberado para ser usado em plantações de soja, trigo, milho, feijão, cana-de-açúcar, batata, arroz, algodão, banana e maçã, e seu princípio ativo combatia ervas daninhas presentes nas lavouras.

Além disso, o produto é usado para dessecação, procedimento que consiste em aplicar o defensivo agrícola para deixar a lavoura uniforme para a colheita.

A suspensão do produto se deu por conta de ser altamente tóxico tanto para quem aplicava o produto nas plantações, quanto para quem consome os alimentos protegidos por esse produto.

De acordo com a Aprosoja Brasil, desde a proibição os produtores tentam contornar a situação substituindo o produto banido por outro pesticida semelhante: o “Diquat”.

Entretanto, ainda segundo a entidade, a grande procura por esse defensivo fez com que ele faltasse no mercado. A empresa responsável pelo pesticida informou que a quantidade de produto disponível no país é insuficiente para atender toda a demanda.

Com o impasse da proibição de um e escassez do outro, a Associação solicitou ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento que fossem registrados herbicidas para a importação direta do Diquat de modo emergencial.

Além disso, a entidade pede ao Ministério a liberação, também em caráter emergencial, do pesticida “Paraquat”, banido pela Anvisa. De acordo com a nota, a Associação acredita que essa é a forma de resolver o problema e não prejudicar as safras futuras.

A nota ainda informa que se a liberação não for feita, a soja perderá qualidade e o país ficará em desvantagem frente a outros países, concorrentes do Brasil, como os Estados Unidos e a Argentina, onde o uso do produto é liberado. Sendo assim, o Brasil corre o risco de perder diversas importações.

Dados revelam que a suspensão do Paraguat impactou diretamente no bolso do produtor, que viu o preço do produto semelhante disparar, saindo dos R$ 30,00 por litro para R$ 100,00 o mesma quantidade.

Por fim, a Associação lembra que, apesar de banir o produto, a Agência publicou a resolução 177, em que exige o uso de medidas de segurança durante a aplicação do produto para não afetar a saúde de quem o manuseia, dessa forma sanando os problemas apontados.

Contudo, a professora e pesquisadora, Maria Elisa Pimentel Piemonte, da Universidade de São Paulo (USP), afirma que o risco para a saúde não se limita ao aplicador do herbicida, mas, também, para quem consome alimentos cultivados com esse produto.

Piemonte afirma haver diversos estudos que relacionam o uso do defensivo com problemas de saúde, como Mal de Parkinson, fibrose pulmonar, danos genéticos e a órgãos como rim e fígado, bem como a casos de câncer.

“O aumento do surgimento da doença de Parkinson não está associado apenas à exposição a altas doses, como outros problemas de saúde, mas está associado à exposição crônica em baixas doses, a forma mais traiçoeira da exposição ao produto”, conclui. (Com informações Jornal Correio do Estado).


Fonte: Jornal Correio do Estado