Megaoperação iniciada nesta quarta-feira (29) irá destruir 130,8 milhões de cigarros contrabandeados que foram apreendidos em Mato Grosso do Sul. Para queimar todo o montante de 138 toneladas do produto serão necessários aproximadamente 15 dias.
A carga avaliada em R$ 32,7 milhões foi transportada em 14 carretas de Mundo Novo até a Receita Federal de Foz do Iguaçu (PR), que conta com equipamento específico para a destruição em grandes quantidades.
O objetivo é liberar espaço físico nos depósitos da Receita em Mundo Novo, para a continuidade das ações de repressão ao contrabando. Somente no primeiro semestre deste ano, a Receita de Mundo Novo apreendeu R$ 108,97 milhões em mercadorias ilegais, sendo que cerca de 90% desse valor - R$ 91,9 milhões - foram em cigarros do crime.
No mesmo período em 2019, as apreensões totais somaram R$ 60,48 milhões, sendo R$ 55,87 milhões em cigarros.
“Esse aumento expressivo nas apreensões se dá com o crescimento da fiscalização e a maior interação entre órgãos de segurança e a Receita Federal, executando trabalhos de modo conjunto”, afirmou Rodrigo Lara, auditor fiscal e chefe da equipe de Vigilância e Repressão da Alfândega de Mundo Novo.
Edson Vismona, presidente do Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade, explica que o combate ao contrabando de cigarros tem um forte impacto social. “O consumo do cigarro do crime financia a violência urbana, colocando em risco a vida da população e a economia do país. Apenas com esta operação, cerca de R$ 32,7 milhões de reais deixam de financiar o crime organizado especialmente no tráfico de drogas e armas.”
Esta é a terceira ação de destruição de cigarros contrabandeados realizada em 2020 com o apoio do FNCP. No primeiro semestre, foram realizadas operações no Rio de Janeiro e no Maranhão.
Pensando em conscientizar a população e informar sobre a gravidade do problema, as 14 carretas usadas para transportar a carga ilegal até Foz do Iguaçu levaram, estampadas em suas laterais, mensagens sobre os impactos do contrabando no Brasil. Uma delas apontava a quantidade de armas que o crime organizado consegue comprar com o lucro do cigarro contrabandeado.
“O consumidor não pode ser indutor do financiamento do crime organizado comprando o produto ilegal. É importante saber que, ao financiar o contrabando, ele perde em saúde, em educação e ainda colabora o crime organizado”, disse Vismona.
Em junho, o Correio do Estado mostrou como funciona esse mercado ilegal que movimenta milhões, corrompe policiais e financia o crime organizado.
CONTRABANDO NO ESTADO
Segundo levantamento do Ibope, 87% de todos os cigarros que circulam no Mato Grosso do Sul são contrabandeados. Apenas em 2019, o mercado ilegal de cigarros movimentou cerca de R$ 352 milhões no Estado.
O levantamento também mostrou que das 10 marcas mais vendidas no Estado, quatro são contrabandeadas e juntas respondem por 84% do mercado. A campeã de vendas é a ilegal FOX que lidera com 69% de participação. Entre os municípios mais afetados pelo contrabando no Estado estão a capital sul-mato-grossense, Corumbá, Dourados, São Gabriel do Oeste, Coxim e Três Lagoas.
Se todos os pontos de participação de mercado ilegal fossem convertidos em produto legal seriam gerados apenas em Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) a arrecadação de R$ 187 milhões e de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) proveniente do Fundo de Participação do Estado (FPE) cerca de R$ 18 milhões para os cofres estaduais para serem revertidos em saúde, segurança e educação, por exemplo. (Com informações Jornal Correio do Estado).