Ainda não há uma definição clara sobre qual rumo Luiz Henrique Mandetta (DEM) tomará depois de sua demissão do Ministério da Saúde, mas a cada dia ganham força os rumores de que o médico campo-grandense pode atuar em organismos internacionais ligados à Medicina e saúde. “Não é um adeus, é um até logo. Vou lutar no campo da saúde pública mundial. A gente [o Brasil] tem muito para dizer ao mundo”.
Nos últimos meses, depois que o contágio de coronavírus ganhou status de pandemia, Mandetta reforçou ainda mais os laços com especialistas ligados à Organização Mundial da Saúde (OMS) e o braço da instituição global na América Latina, a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).
“A gente tem muito para dizer para o mundo sobre a experiência de um país em desenvolvimento ter tido coragem para poder escrever na Constituição que saúde é um direito de todos e é um dever do Estado brasileiro. O mundo deveria copiar essa frase e por nas suas constituições para ver se a gente ganha um pouco de dignidade nesse século 21, que começa agora”, complementou Mandetta em sua despedida.
O Correio do Estado apurou que depois de ter deixado o Ministério da Saúde, Luiz Henrique Mandetta deve se revezar entre as cidades de Brasília, Campo Grande e Rio de Janeiro. O ex-ministro, que também é ex-deputado federal pelo DEM e ex-secretário de Saúde da capital sul-mato-grossense, já teria sido sondado para assumir cargos nos governos de Goiás e São Paulo, mas, por ora, não deve entrar na linha de frente das administrações de Ronaldo Caiado (DEM) e João Doria (PSDB), respectivamente.
Na militância internacional pela saúde pública, Mandetta se manteria em destaque até as próximas eleições. Com 76% de aprovação popular em todo o Brasil, conforme pesquisa Datafolha do início do mês, o ex-ministro se enquadra nos planos do DEM, seu partido, para as eleições de 2022. Ainda não é possível calcular, porém, a que cargo ele concorreria.
Enquanto 2022 não chega, Mandetta deve descansar nos próximos meses e, no segundo semestre, começar sua militância internacional em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS).
Criticado por partidos de esquerda em 2019, quando foi empossado ministro, por seu alinhamento com setores privados da área de saúde, o sul-mato-grossense dá uma guinada em sua linha de atuação.
Um dos primeiros atos do governo Bolsonaro, ainda no período de transição com a gestão Michel Temer, em 2018, foi extinguir o convênio com a Organização Pan-Americana de Saúde que permitia a contratação de milhares de médicos cubanos no extinto programa Mais Médicos. No mês passado, em edital do programa criado por Mandetta, o Médicos pelo Brasil, autorizou a contratação de médicos cubanos sem o programa revalida.
A aproximação do discurso de Mandetta com defensores da saúde pública durante a pandemia distanciou o sul-mato-grossense do presidente Jair Bolsonaro. Para evitar a disseminação do coronavírus, Mandetta tentou ser fiel às políticas de isolamento social recomendadas pela OMS. Esbarrou no presidente da República, que no início da pandemia chegou a chamar a Covid-19 de “gripezinha”.
Nesta sexta-feira, o diretor de Programas de Emergência da OMS, Michael Ryan, lamentou a saída de Mandetta. “Sim, nós estamos cientes de que o presidente do Brasil trocou o seu ministro da Saúde hoje. Eu gostaria de agradecer ao ministro pelo serviço dele ao povo”, respondeu. (Com informações Jornal Correio do Estado).