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Cassems cria banco próprio para gerir recursos dos associados


 

Na noite desta segunda-feira (23), em Campo Grande, sob o olhar atento de servidores públicos, empresários e políticos locais, foi inaugurado o Banco Cassems. Uma agência física, na movimentada Avenida Afonso Pena, que não só desafia a lógica de um mercado saturado de instituições financeiras, mas também marca o início de uma estratégia ousada da Caixa de Assistência dos Servidores do Mato Grosso do Sul. O objetivo: diversificar receitas e garantir a sustentabilidade financeira da Cassems, uma das maiores operadoras de saúde do Brasil, sem precisar recorrer aos fundos do plano de saúde.

O Banco Cassems é fruto de uma parceria com a BYBIZ Serviços Financeiros, cujo controlador, Erico Ferreira, é conhecido no mercado financeiro por liderar o Banco Omni e a Biz IP. O plano é simples, mas ambicioso: usar a experiência acumulada na gestão de um dos maiores planos de saúde do estado para criar uma instituição bancária voltada para os servidores públicos e, com isso, garantir que a Cassems continue sólida em meio ao que todos concordam ser o cenário mais desafiador já enfrentado pela saúde suplementar no país.

No palco da agência recém-inaugurada, Ricardo Ayache, presidente da Cassems, se dirigia ao público com um misto de orgulho e serenidade. Sem perder a naturalidade, Ayache repetiu várias vezes a palavra "ousadia", como se quisesse sublinhar a essência do projeto que agora se materializava.

“Este é um projeto ousado, único”, afirmou, com a convicção de quem está prestes a enfrentar um grande desafio, mas sem dúvida de que o caminho é o certo. Com a segurança de quem há anos navega pelos mares agitados da saúde suplementar, Ayache destacou os desafios do setor — inflação galopante, envelhecimento da população, novas tecnologias médicas —, mas deixou claro que a resposta não poderia ser outra: “Precisamos ser criativos e, sobretudo, ousados”. A plateia acompanhava em silêncio, absorvendo o otimismo contido em cada palavra.

Uma aposta bancária para salvar a saúde - No Brasil, quando se fala em banco, a primeira imagem que vem à cabeça da maioria das pessoas é a de burocracia, filas intermináveis e tarifas abusivas. Mas o Banco Cassems não quer ser apenas mais uma instituição financeira. Ele surge com uma proposta diferenciada: atender diretamente os servidores públicos, que são os responsáveis pela manutenção da própria Cassems, e ao mesmo tempo oferecer soluções financeiras à população em geral. Como se fosse possível replicar o modelo de assistência humanizada que marcou a trajetória da operadora de saúde.

Para Sergio Longen, presidente da Federação das Indústrias do Mato Grosso do Sul (Fiems), a ideia de criar um banco a partir de uma operadora de saúde é, no mínimo, corajosa. “Não é fácil entregar o que a Cassems entrega na saúde de um estado como o Mato Grosso do Sul. Os servidores são exigentes, cobram muito, e a coragem do Ricardo (Ayache) em se lançar em um projeto desses mostra a visão de futuro que ele tem”, afirmou Longen. Em um discurso improvisado, ele não escondeu sua admiração pela localização estratégica da agência, em frente ao Banco do Brasil e ao lado da Caixa Econômica e do Sicredi. "É de uma ousadia tamanha", comentou, sorrindo.

A iniciativa bancária, no entanto, não é só uma manobra audaciosa para posicionar a Cassems no mercado financeiro. Segundo Ayache, é uma questão de sobrevivência. “Precisamos transformar as águas turbulentas da saúde suplementar em algo mais fácil de navegar. Com o banco, buscamos não só reduzir custos, mas gerar novas receitas”, explicou, enquanto alguns dos presentes ainda tentavam entender como um banco pode salvar um plano de saúde.

Os desafios invisíveis dos bancos - Erico Ferreira, controlador da BYBIZ e sócio na empreitada, tentou desmistificar a ideia de que gerir um banco é fácil. “As pessoas acham que banco só empresta e cobra juros, mas o difícil é receber”, disse, arrancando algumas risadas contidas da plateia. Ferreira, veterano do setor financeiro, sabe que criar um banco do zero envolve muitos riscos e custos invisíveis. Ele mencionou, por exemplo, o custo de manter uma estrutura capaz de processar milhões de transações eletrônicas instantâneas, como o PIX. "Fazemos tudo isso de graça, mas alguém tem que pagar essa conta. E quem paga somos nós", desabafou. (Com informações Dourados Agora).

 

 

 


Fonte: Dourados Agora