A Embrapa Gado de Corte, localizada em Campo Grande (MS), distribuiu um memorando contendo uma série de orientações aos produtores de bovinos de corte, com estratégias para evitar os danos causados pelo frio em Mato Grosso do Sul. O documento é assinado pelo pesquisador em Nutrição Animal da unidade, Luiz Orcírio Fialho de Oliveira. Por diversos anos tem-se observado a morte de bovinos a pasto em Mato Grosso do Sul, especialmente na região sul do Estado.
"Recomendamos em 2021 e reforçamos neste documento a atenção e adoção de ações preventivas em três eixos – pré, durante e pós evento", explica o pesquisador.
PRÉ-VENTO
Recomenda-se fazer a vedação de uma área de pastagem da propriedade no final do verão para se tornar a reserva para o período da seca e do frio, quando as pastagens não crescem e perdem seu valor nutricional. É o que se chama de “feno em pé” – ou seja, o armazenamento de boa forragem – que não foi consumida no verão para ser utilizada nesse período – podendo ser melhor aproveitada com o uso de suplementos contendo fontes de proteína verdadeira e/ou de nitrogênio não proteico (ureia, amireia, etc.).
Paralelo a isso, o conselho é otimizar as vendas e reduzir a carga animal da propriedade antes do período de seca, evitando a superlotação e a perda de peso generalizada dos animais – com isso geralmente a propriedade terá um melhor fluxo de caixa e reduzirá excesso de despesas com a compra de insumos alimentares. "Uma ação estratégica importante em rebanhos de cria por exemplo pode ser a desmama precoce. Vacas paridas com bezerros acima de 4 meses de idade e com baixo escore de condição corporal devem ser desmamadas preventivamente", alerta o documento.
É importante produzir alimentos conservados para que possa alimentar os animais na seca e no inverno. "Mantenha os animais bem suplementados e garanta suplemento extra para tratar eventualmente os animais mais debilitados. Garanta a boa saúde dos animais por meio de tratamentos preventivos para ectoparasitas e endoparasitas, além da adoção correta do plano de vacinas recomendado pela Embrapa no Calendário Sanitário", explica Luiz Orcírio, alertando que é preciso estabelecer um projeto para repovoamento de árvores ou formação de bosques na propriedade, voltados a proteção dos animais.
DURANTE OS EVENTOS
Busque proteção florestal – áreas florestadas ou invernadas contendo “capões de mata” podem servir de agasalho aos animais contra os ventos gelados e as temperaturas a céu aberto;
Use barreiras naturais – os ventos predominantes das frentes frias na região centro-sul são dos quadrantes sul/sudoeste. Assim sendo, tente posicionar os animais em invernadas que possuam barreiras naturais (morros) ou vegetais (árvores, reservas) para amenizar o efeito dos ventos frios. Evite correntes de ar frio, geralmente canalizadas, ao longo dos cursos d’água;
Os animais tentam naturalmente proteger-se dos ventos frios que vêm no sentido sul e caminham para locais mais protegidos, em direção ao norte da propriedade. Se for preciso, deixe abertos os cantos de cerca na direção por onde caminham os animais em busca de proteção;
APÓS OS EVENTOS
Agora é o momento de recuperar os animais. As pastagens que já estavam fracas e com baixo valor nutricional, agora se encontram em piores condições.
Assim é fundamental a oferta de alimentos armazenados seja na forma natural (capim elefante picado, cana de açúcar, folha de mandioca mansa, de feijão Guandu, milheto, entre outros) ou conservados (silagens de capim, milho, sorgo, e feno de diversas forragens).
Havendo reserva de capim nas invernadas, forneça suplementos proteicos que visam melhorar a digestibilidade e o consumo da forragem.
Em caso extremo e na dificuldade de aquisição de alimentos, é necessária a avaliar a possibilidade da retirada dos animais da propriedade em tempo hábil (antes que percam muito peso) – seja pela venda, parceria com outro produtor ou mesmo pela contratação temporária de um confinamento do tipo “boitel". (Com informações Campo Grande News).