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Título 'rodovia da morte' paira sobre a BR-163 com falta de duplicações


Sindicato das Empresas de Transporte e Logísticas de MS (SETLOG-MS) cobra duplicação da CCR, indicando que, dos 842 km previstos no contrato de concessão inicial, apenas 155 quilômetros foram executados

Há cerca de dez dias um único acidente registrado na BR-163 levou seis pessoas a óbito e, entre privatizações e duplicações não executadas, o título de "rodovia da morte" mantém tendência e segue pairando sobre a também conhecida "Rota do Agro".

Sindicato das Empresas de Transporte e Logísticas de MS (SETLOG-MS), o Setelog expõe que partes da BR-163 sofrem até mesmo de problemas de infraestrutura, como os alagamentos constantes que acontecem no trecho da rodovia que passa pelo Jardim Itamaracá, em Campo Grande.

Segundo a organização, fatos como acidentes recorrentes e alagamentos que, necessariamente, redobram a atenção de condutores são preocupantes principalmente por se tratar de uma concessão.

"Muitas mortes poderiam ter sido evitadas se o trecho estivesse duplicado como previa o contrato inicial. Notamos que os locais de duplicação são sempre próximos às nove praças de pedágios, onde as pessoas são obrigadas a diminuir a velocidade", comenta Cláudio Cavol, presidente do Setlog.

No último dia 10 a BR-163 foi palco de um trágico acidente envolvendo quatro veículos, no qual seis pessoas morreram após uma carreta invadir a pista contrária.

Esse e outros acidentes acontecem com uma característica semelhante, justamente porque a falta de duplicação é sentida pelos motoristas que trafegam pela rodovia, que possui apenas 155 km duplicados, dos 842 prometidos conforme contrato de concessão com a CCR Via.

Ainda que há mais de uma década a concessionária tenha oferecido um preço de pedágio que, à época, era considerado mais de 50% menor que o máximo fixado pelo Governo, Cavol afirma que, hoje, é uma das tarifas mais caras do País "por um serviço que não é satisfatório", expõe em nota.

Além disso, dados sobre mortes, repassados pela CCR e Polícia Rodoviária Federal, mostram a "gangorra" entre a BR-163 ser ou não ser considerada a "rodovia da morte", uma vez que a concessionária aponta queda nas mortes (caindo de 85 em 2012 para 63 no ano passado).

Do outro lado, porém, a PRF destaca que o primeiro trimestre de 2024 encerrou com 36 mortes registradas entre janeiro e março e, se somadas os seis óbitos do dia 10, o índice já chega a 42 vítimas fatais distante ainda oito meses para o fim do ano.

 

RODOVIA DA MORTE?

Ainda em 2015, dois anos após a privatização, a 163 perdia seu título de "rodovia da morte" para as BR's 267 e 262, segundo acompanhamento da própria PRF, com os números caindo mais de 50%, de 64 em 2014, para 30 em 2015.

A novela entre União e CCR começou com o processo de relicitação e permanência da CCR na administração até fim dessa etapa, ocasião na qual o Governo Federal quase foi obrigado a voltar a administrar a rodovia e indenizar a atual concessionária em quase R$ 2 bilhões.

Importante destacar que a CCR MSVia ganhou leilão em 2014 para administrar 845 km da BR-163, entre Mundo Novo, na divisa com o Paraná, com Sonora, fronteira com Mato Grosso e a partir de 2017, não ocorreu mais nenhuma obra de duplicação.

Já em 2023 as mortes voltaram a aumentar e, conforme a PRF, as rodovias federais mais perigosas do Estado continuam sendo a BR-163, além da 262.

Levantamento da PRF indica também o comportamento de alguns motoristas, uma vez que análise de tacógrafos (medidores de distância e velocidade) entre 40 caminhões, mostrou que a maioria dos veículos trafegava acima dos limites da via, batendo pico de 147 km/h. (Com informações Jornal Correio do Estado).


Fonte: Jornal Correio do Estado