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Lídio Lopes se desfilia do Patriota após fusão do partido com o PTB


Parlamentar diz que motivação é indefinição dos rumos da nova sigla no Estado
Lídio Lopes disse que seguirá sem partido - Foto: Wagner Guimarães

O deputado federal Lídio Lopes informou que se desfiliou do Patriota, partido ao qual era filiado desde 2013. O anúncio foi feito na sessão desta terça-feira (12) na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul.

Segundo Lídio, a saída se deve ao fato da indefinição do futuro da sigla no Estado, após a fusão com o PTB, especialmente sobre quem irá comandar o novo partido.

O plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou a fusão, por unanimidade, no dia 9 de novembro. Com isso, passará chamar Partido da Renovação Democrática (PRD). A nova legenda deve ter o número 25 na urna.

Ao fazer o anúncio da desfiliação, Lídio Lopes relembrou a trajetória da sigla no Estado afirmando que o assumiu em 2013, quando se chamava PEN e pelo qual foi eleito deputado estadual em 2014. Em 2018, ele foi reeleito já com a silha sob o nome de Patriota.

O deputado cita que, em 2018, após um conflito interno, o ex-presidente Jair Bolsonaro, que iria se filiar ao Patriota, acabou indo para o Partido Social Liberal (PSL).

Em 2021, novamente houve tratativas para a filiação de Bolsonaro, o que não ocorreu e o ex-presidente, desta vez, se filiou ao PL. Conforme Lídio, com isso, muitos deputados eleitos pelo Patriota teriam acompanhado o ex-presidente e migrado para o PL.

"Com isso, fiquei com um partido reduzido, que não atingiu a cláusula de barreira e, obviamente, teve que fazer a fusão com o PTB, que foi homologado no último dia 8 de novembro, praticamente mais de um ano aguardando e saiu a decisão", disse Lídio na tribuna.

Ainda conforme explicou o deputado, com a fusão, alguns estados devem ficar sob a condução do Patriota e outros do PTB, sendo ainda indefinida qual será a situação em Mato Grosso do Sul.

"Tendo em vista que em 2022 eu não lancei candidatos a chapa de deputado federal, porque não tínhamos fundo partidário atrativo para que pudesse montar uma chapa, não montamos. Obviamente o PTB montou, lançou e teve votos, então a tendência que possa ser resguardada essa questão de voto é que fique com o PTB a condução no Mato Grosso do Sul", disse Lídio.

"Como eles estão empurrando com a barriga essa definição de quem vai presidir, como a janela para deputado estadual só abre em 2026 e não ficando a presidência do partido comigo, entendi não ser prudente eu ficar em um partido do qual não tenho a presidência e a condução seja por um ex-senador da República, inclusive com desgaste em nível de Estado", acrescentou.

O ex-senador ao qual se refere Lídio é Delcídio do Amaral, que é presidente estadual do PTB e pode ficar com a liderança do novo partido, o PRD.

Lídio disse ainda que há 35 vereadores eleitos pelo Patriota no Estado e que ele solicitou que os parlamentares não fizessem a desfiliação até março do ano que vem, quando abre a janela para mudança de sigla.

"É com tristeza que eu falo isso, porque foi um partido que eu peguei do zero e construí com muito esmero no meu Estado, mas eu tive que sair", lamentou.

A prefeita Adriane Lopes, esposa de Lídio, também se desfiliou do Patriota em junho deste ano e, a convite da senadora Tereza Cristina, se filiou ao Partido Progressista (PP).

Lídio não antecipou se seguirá a esposa e disse apenas que seguirá sem partido por enquanto.

"Me desfiliei e vou seguir por um período sem partido, avaliando o melhor encaminhamento do que a gente pode seguir e levar nossos amigos, seguidores e correligionários do Mato Grosso do Sul", finalizou.

 

NOVO PARTIDO

O plenário do TSE aprovou, por unanimidade, a fusão dos partidos PTB e Patriota.

Todos os ministros acompanharam o entendimento da relatora, ministra Carmen Lúcia, para quem a fusão atendeu a todos os requisitos legais e formais, como a aprovação de novo estatuto nacional, por exemplo.

De início, o novo partido iria se chamar Mais Brasil, mas após deliberações internas foi feito novo pedido para alterar o nome, o que foi aceito pelo TSE.

Fundado em 1981 e por muitos anos controlado pelo ex-deputado Roberto Jefferson, o PTB optou pela fusão depois de não ter conseguido eleger nenhum deputado nas eleições de 2022. Isso fez com que a agremiação ficasse sem recursos do Fundo Partidário e sem tempo de propaganda eleitoral em rádio e TV. O Patriota, por sua vez, elegeu cinco deputados.

Pela cláusula de barreira vigente, para ter acesso aos recursos públicos a legenda precisa eleger pelo menos 11 deputados federais, distribuídos em pelo menos nove unidades da Federação.

Alternativamente, o partido pode superar a barreira se, mesmo elegendo número menor de deputados, obtiver 2% dos votos válidos nas eleições para a Câmara, distribuídos em pelo menos nove unidades da Federação, com um mínimo de 1% dos votos válidos em cada uma delas.

Ao aprovar a fusão em convenção nacional, os dirigentes da nova sigla PRD decidiram também banir Jefferson dos quadros do partido, diante do episódio em que o político foi preso após reagir com tiros a uma ordem de prisão preventiva, no ano passado. (Com informações Jornal Correio do Estado).


Fonte: Jornal Correio do Estado