A agricultura brasileira vem ocupando cada vez mais espaço no contexto global da economia, quer na geração de empregos, de renda, quer na composição PIB para a economia do Brasil. A agricultura participa com 25% do PIB. A produção brasileira de grãos ultrapassou a barreira dos 320 milhões de toneladas, o que significa uma produção de 1.590 kg per capita. A produção de soja que, no início da década de 2000, era de 41,9 milhões de toneladas por ano, na última safra foi de 154,6 milhões; e a produção de milho, saltou de 35,2 para 131,9 milhões. Estima-se para o ano de 2023/2024, a produção de grãos ligeiramente menor do que a do ano anterior, ou seja, 317 milhões de toneladas, em virtude de adversidades climáticas verificadas em várias regiões brasileiras, excesso de chuvas em algumas regiões e irregularidade da distribuição de chuvas em outras.
O aumento da produção torna-se ainda mais importante por ser devido principalmente ao aumento da produtividade (quantidade produzida por unidade de área). A produtividade dos fatores terra e capital também tem apresentado crescimento significativo ao longo dos anos. Esses ganhos têm contribuído significativamente para colocar o Brasil entre os principais produtores agrícolas do mundo, principalmente, devido à incorporação de novas tecnologias aos sistemas de produção, as quais proporcionam aumento da produção sem a necessidade de incorporação de áreas com vegetação nativa aos sistemas produtivos. Os ganhos de produtividade que os agricultores vêm conseguindo são em função da incorporação de novas tecnologias, muitas delas simples, e do trabalho contínuo da pesquisa agropecuária na busca de novas estratégias e modelos de produção.
Além de atender a demanda da população brasileira, o Brasil se consolida como grande exportador de soja, algodão, suco de laranja e carnes. Importante destacar que é grande a preocupação de todos os envolvidos com a produção agrícola, em relação ao uso de tecnologias que sejam sustentáveis.
A Embrapa, universidades, empresas e institutos estaduais e empresas privadas disponibilizam conhecimentos que, ao serem incorporados aos sistemas produtivos, contribuem para a redução de custos de produção, ganhos de produtividade, melhorias na qualidade do produto e para a sustentabilidade da atividade agropecuária.
Um aspecto a ser destacado é que dentre os quatorze municípios brasileiros produtores de soja, dois estão em Mato Grosso do Sul, que são Maracaju e Sidrolândia. Municípios com forte tradição agrícola e com nível tecnológico elevado. Mas vale destacar que outros munícipios como Dourados, São Gabriel do Oeste, Chapadão do Sul, Naviraí, Laguna Carapã, Amambai e Campo Grande também são grandes produtores de soja e milho. Um detalhe significativo: Campo Grande, capital do estado de Mato Grosso do Sul, até então com pouca tradição agrícola, cultivou no ano agrícola de 2022/2023 110.000 ha, o que a coloca como a capital com a maior área cultivada com soja. Para safra 2023/2024, de acordo com Aprosoja MS, em Campo Grande deverão ser cultivados 120.000 ha com soja.
As constantes transformações por que vem passando a sociedade como um todo leva à necessidade de mudanças, o que exige que todos os envolvidos com a produção agrícola estejam bem sintonizados, especialmente em relação àqueles que vão consumir os produtos da agricultura, quais são: alimentos, fibras e energia.
Disponibilização e incorporação de novas tecnologias, a capacidade empreendedora e gerencial dos produtores rurais e a efetiva presença dos agentes de assistência técnica são itens que estão proporcionando um novo ambiente no contexto da produção agrícola no Brasil.
Atenta às constantes demandas dos diferentes elos da cadeia produtiva, a Embrapa acaba de disponibilizar para os produtores brasileiros uma cultivar de algodão, a BRS 700 FL B3RF, com maior eficiência no controle de pragas e que produz fibra com maior comprimento em relação às cultivares atualmente disponíveis no mercado. Também foi disponibilizada recentemente a cultivar de morangueiro denominada BRS DC25 Fênix, que tem como característica importante a sua precocidade para a produção de frutos. Trabalho recentemente concluído pela Embrapa Agropecuária Oeste não deixa qualquer dúvida de que Urochloa ruziziensis e Urochloa brizantha cv BRS Piatã não interferem no crescimento e na produtividade do algodoeiro, quando este é cultivado em sucessão às referidas espécies de plantas forrageiras, que são excelentes para a produção de palha, que é fundamental para o sistema plantio direto.
Assim, graças à disponibilidade de tecnologias a partir das instituições de pesquisa, o fortalecimento da rede de assistência técnica e à capacidade empreendedora dos produtores rurais, o Brasil vai se consolidando como líder mundial na produção agrícola, mas ainda podemos crescer mais, com sustentabilidade. Toda a sociedade brasileira é diretamente beneficiada com crescimento da produção agrícola, tanto em termos quantitativos como qualitativo dos alimentos, das fibras e energia, produzidos pela agricultura.
AUTOR: Fernando Mendes Lamas - fernando.lamas@embrapa.br -Pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste - Dourados, MS.