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Safrinha do milho pode ser mais prejudicada com as geadas


Projeções apontam redução de 32% no volume de grãos para a segunda safra
Produção de milho deve sofrer com o clima neste ano. (Foto: Valdenir Rezende / Correio do Estado)

 

Dados divulgados pela Embrapa Agropecuária Oeste em janeiro e confirmados em maio apontam que a probabilidade de ocorrer ao menos uma geada em Mato Grosso do Sul neste mês é de 96% e, além disso, a previsão de que a geada seja forte é de 74%. Por este motivo, os produtores rurais do Estado ainda estão apreensivos quanto ao desenvolvimento da safra 2019/2020 de milho. Conforme a Associação dos Produtores de Soja e Milho de MS (Aprosoja-MS), os impactos dessas geadas podem ocasionar mais perdas nas lavouras. 

De acordo com o presidente da Aprosoja-MS, André Dobashi, a mudança severa no clima pode gerar grandes prejuízos para a safrinha. “Estamos muito apreensivos com as geadas. Essa geada de junho é um ponto chave na questão da produtividade. Não gostamos de falar sobre perspectivas de produtividade sem passar por esse mês de junho, porque uma geada nesse ponto vai afetar sobremaneira a nossa produtividade, sim. Nós estamos com as lavouras bastante atrasadas, temos algumas um pouco mais adiantadas [Região Norte] o que vai diminuir as perdas, mas temos lavouras ainda em início de enchimento de grãos, que foram plantadas lá pelo dia 20 de março. Então, faz a gente ficar bastante apreensivo e colocar uma perspectiva de redução da produtividade do milho”.

 

ÁREA

Levantamento do Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio (Siga-MS) aponta que a área estimada caiu de 1,977 milhão de hectares para 1,9 milhão. A área consolidada na safra anterior foi de 2,173 milhões de hectares. “O que observamos na semeadura da segunda safra foi uma combinação de fatores, a gente teve um atraso de quase 20 dias na semeadura do milho e tivemos uma redução expressiva na área. Quando a gente faz essa projeção, nós usamos fotos por satélite e as visitas a campo. Fomos a campo e observamos que as áreas estavam com uma qualidade média e que estavam diminuídas. Já fizemos a primeira revisão, tínhamos a previsão de 1,977 milhão de hectares e já fizemos a redução de 1,9 milhão, o que pode diminuir um pouco mais assim que as fotos de satélite forem tratadas”, explicou Dobashi.

Outro fator que levou à redução de área foi o investimento em outras culturas. Produtores rurais do Estado substituíram o milho por aveia, trigo, sorgo e milheto. Para o presidente da Aprosoja, a decisão foi acertada. “O risco do milho com o avanço do tempo é muito alto. O que a gente precisa melhorar em Mato Grosso do Sul é a política de comercialização dessas outras culturas, o produtor fica muito desamparado em relação a preços e é por isso que ele não faz essa alternativa de maneira mais agressiva. Porque o milho ainda tem uma política de comercialização bem organizada. O que temos tentado fomentar são essas culturas alternativas ao milho segunda safra e até mesmo as culturas de cobertura”, disse. 

 

PRODUTIVIDADE

Além da redução na área plantada, há uma frustração quanto à produtividade, que na safra passada superou 90 sacas por hectares. A expectativa, agora, é de 72 sacas por hectare. A colheita na safra 2019/2020 será 32,5% menor do que no ciclo 2018/2019. O volume de produção de grãos do ciclo anterior foi de 12,157 milhões de toneladas. Neste ano, a estimativa é de que 8,208 milhões de toneladas sejam colhidas. “Puxado pela estiagem que tivemos no início do plantio, o que deixou a semeadura comprometida. E depois tivemos uma segunda estiagem no período de polinização e início da formação das espigas”, explicou. 

Assim como o plantio, a colheita deve se estender por um tempo maior. A Região Norte do Estado, onde a semeadura começou mais cedo, deve colher os grãos ainda neste mês. Já a Região Sul, onde as intempéries climáticas atrasaram mais o período de concepção das lavouras, pode ter a colheita estendida até agosto.

 

COMERCIALIZAÇÃO

Cotações do milho no mercado interno seguem pressionadas pelas expectativas com o avanço da colheita por todo o Brasil e de uma supersafra americana, mas também acompanham as movimentações cambiais nas quais a moeda americana desvalorizou-se 8,54% desde o início de junho. Mesmo com essas baixas, as cotações seguem elevadas ante a média histórica para o cereal. 

O preço médio do mês de junho ficou em R$ 37,91 por saca. No comparativo com junho do ano passado, houve avanço nominal de 27,93%, quando o cereal havia sido cotado, em média, a R$ 35,74.

“É importante destacar que o preço praticado somente está nesses patamares pela baixa dos estoques físicos do produto no mercado, dada a elevada exportação no ano de 2019. Há pouco estoque, logo, o preço da oferta se eleva por causa de uma grande demanda do produto no mercado interno”, complementa a economista da Aprosoja, Renata Farias.

Segundo levantamento realizado pela Granos Corretora, até 8 de junho, MS já havia comercializado 41,87% do milho safrinha 2020, avanço de 7 pontos porcentuais a mais do que o índice apresentando no mesmo período em relação à safra anterior. (Com informações Jornal Correio do Estado).

 


Fonte: Jornal Correio do Estado