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Trabalho conjunto reduz violência em comunidade indígena de Japorã


 

Povoada por cinco mil e seiscentos moradores, a Aldeia Porto Lindo, situada no Município de Japorã, situado no extremo sul do Mato Grosso do Sul, na fronteira com o Paraguai e próximo à divisa com o Paraná, vive uma fase de relativa tranquilidade. Os moradores da área  indígena se dividem em Guaranis Nhandeva (cinco mil pessoas) e índios Caiuá, paraguaios ou brasileiros, que constituíram matrimônio com moradores da Aldeia Porto Lindo ou sua extensão Yvi Khatu, chamadas por eles de “Retomada”.

Eleito pelo voto direto, em 2017, para um mandado de quatro anos, o Cacique Roberto Carlos Martins, explica que graças ao trabalho integrado desenvolvido em parceria com vários segmentos da sociedade, houve uma drástica redução no índice de violência em sua comunidade. Ele cita como exemplo de parceria, as várias campanhas desenvolvidas pela Assistência Social da Prefeitura Municipal, cuja titular da pasta é indígena. “Em breve, teremos aqui, palestras do Agosto Lílas, visando prevenção e redução de casos de violência doméstica”.

Roberto diz também que as igrejas evangélicas, que são 27 no total, os cerca de 50 rezadores, que praticam a religião tradicional indígena e os cerca de 70 líderes de pequenas comunidades possuem papel fundamental no processo de construção de paz entre os índios.

Outro exemplo de trabalho integrado que tem rendido frutos positivos é a parceria com o Terceiro Grupamento Policial Militar de Japorã, que rotineiramente, envia policiais e viaturas ao local, que acompanhados por uma equipe de “seguranças” indígenas, composta por 14 homens que realizam a atividade de forma voluntária, conforme a disponibilidade de tempo, faz o trabalho de abordagem a pessoas e veículos dentro da área dos índios, além do atendimento a situações que exijam a confecção de boletins de ocorrências e prisões.

O primeiro Sargento da PMMS, Nilson P. da Silva, comandante da PM de Japorã, explica que esse ano, a quantidade de ocorrências diminuiu muito. “Em 2018, até o final de julho, havíamos lavrado 79 boletins de ocorrência na Aldeia. Esse ano, temos apenas 45, sendo uma tentativa de homicídio, um estupro tentado e um consumado, um tráfico de  drogas, seis ameaças comuns, oito casos de violência domestica de ameaças, duas vias de fato, dois suicídios, seis mandados de prisão cumpridos, cinco lesões corporais de violência doméstica, cinco lesões corporais comum, apreensão de duas armas e uma tentativa de roubo, sendo o autor preso e a arma usada no crime, apreendida”. Os demais fatos, embora registrados, podem ser considerados, atípicos.

“Diferente de outras aldeias, aqui não tivemos nenhum homicídio esse ano, e olhe que estamos poucos quilômetros do Paraguai, que tem uma legislação de armamento diferente da nossa, além de cerca de 50 quilômetros de fronteira com nossos vizinhos”.

Nilson aponta como fatores importantes para a redução da violência na Porto Lindo, além do trabalho conjunto desenvolvido pela Polícia Militar com Roberto Carlos e sua equipe, as palestras realizadas constantemente sobre variados assuntos, onde o Poder Estatal sempre está presente, até mesmo com material confeccionado em Guarani, a mediação de conflitos, que surgem em especial por questão de posse de território e também a distribuição de roupas, que a Polícia Militar ocasionalmente realiza, praticando dessa forma, o tão propalado policiamento comunitário”. (Texto: Nilson Silva – Japorã).

 


Fonte: Nilson Silva - Japorã